Cláudio Torres no núcleo romano do Museu de Mértola.

Cláudio Torres no núcleo romano do Museu de Mértola.

Cláudio Torres no núcleo islâmico do Museu de Mértola.

Cláudio Torres no núcleo islâmico do Museu de Mértola.

Habitantes de Mértola acompanhando as escavações

Habitantes de Mértola acompanhando as escavações

Cláudio Torres

Há mais de 40 anos, à procura de património de origem islâmica, chegou Cláudio Torres a Mértola. Desde então o seu percurso, o seu projeto e a sua vida em Mértola confundem-se num só.

Regressado a Portugal com a Revolução de Abril de 1974, leccionou várias cadeiras ligadas à História Medieval na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa até 1986. Em 1978 inicia o trabalho em Mértola e cria com uma pequena equipa o Campo Arqueológico de Mértola.

A sua vida está, desde então, interligada com a revitalização do património daquela vila e a sua apropriação por toda a comunidade. Revelou, ao longo dos anos, um inestimável património romano, paleocristão e de origem islâmica e permitiu compreender a centralidade do legado islâmico em Portugal em todas as suas dimensões. Abrindo portas, por esta via, à reinterpretação da historiografia portuguesa. Sempre com as pessoas, o homem-comunidade, no centro da sua acção.

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Prémios Europeus do Património Cultural / Prémios Europa Nostra 2023 para Cláudio Torres, Portugal na categoria "Campeões do Património"

 
Prémios Europeus do Património Cultural / Prémios Europa Nostra 2023 para Cláudio Torres, Portugal, na categoria "Campeões do Património"

A Comissão Europeia e a Europa Nostra acabaram de anunciar os vencedores dos Prémios Europeus do Património Cultural/Prémios Europa Nostra 2023. Este ano, 30 projetos patrimoniais notáveis de 21 países foram distinguidos com este prestigiado galardão (ver abaixo a lista completa de laureados).

Entre os vencedores deste ano está Cláudio Torres, de Portugal, na categoria "Campeões do Património", premiado pelo seu notável empenho na promoção da valorização e conservação do património islâmico em Portugal, ao longo de mais de 45 anos, em que ele e o centro de investigação que criou, o Campo Arqueológico de Mértola, desempenharam um papel fulcral.

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A utopia em construção

Mértola no Sul de Portugal despovoado. O percurso de Cláudio Torres, juntamente com o seu projeto e a sua vida em Mértola, fundem-se num todo.
O Castelo e a sua alcáçova onde tudo começou em 1978. Na parte inferior, um dos batistérios do século VI, colocado a descoberto.
A simbólica e significativa porta na igreja matriz que outrora foi uma mesquita almóada.
O criptopórtico, a primeira grande descoberta, parte de um impressionante complexo religioso paleocristão.
Diversas necrópoles foram foram colocadas a descoberto. Ao longo dos séculos, cristãos, muçulmanos e judeus partilharam as suas vidas e sepulturas em Mértola.
As primeiras escavações começaram há mais de 40 anos, revelando uma herança romana, paleocristã e islâmica de valor inestimável.
A sua iniciativa mais importante foi deixar os habitantes de Mértola reclamarem a posse daquilo que sempre foi deles: a sua História e o seu património
A quantidade e importância dos achados foi tamanha que de 1982 até hoje 14 núcleos museológicos abriram ao público.
Os dois importantes e raros batistérios do século VI d.C., descobertos foram um dos motivos para o Papa Francisco conceder a Cláudio Torres um reconhecimento especial.
A expressão “museu de sítio” evoluiu de um conceito teórico e adquiriu significado cívico em Mértola. A vila transformou-se num enorme museu onde a História está sempre presente.
Lápide do presbítero Possidónio mantida no local na Basílica Paleocristã. As pedras de Mértola, que se tornaram amplamente conhecidas graças a Cláudio Torres, têm textos em latim, grego, românico, árabe e português. Mértola foi uma encruzilhada de civilizações.
Descobertos na alcáçova do Castelo e mantidos in situ, estes mosaicos (à esquerda em restauro) de forte influência bizantina comprovam as ligações de Mértola com o Médio Oriente.
O passado cristão de Mértola foi também marcado por achados, restauros e núcleos específicos do Museu. Aqui São Sebastião retorna ao seu esplendor original.
Um museu de sítio onde podem ser vistos artefactos da vida quotidiana de época romana, bem como enormes esculturas, destacando o importante passado de Mirtyllis (nome romano de Mértola)
Museu de sítio construído ao redor da basílica paleocristã, datada do século V d.C..
O Museu Islâmico é um dos núcleos mais impressionantes, não só pelos excecionais artefactos encontrados em diversas escavações, mas também pela arquitetura do seu edifício.
A big ceramic water pot with stamped decoration and kufic calligraphy, found in the Almohad neighbourhood located in the Citadel.
O estudo das mantas de lã - ligando os seus padrões decorativos às raízes históricas da islamização – foi um dos primeiros projetos, posteriormente transformado numa pequena cooperativa de manufactura.
A profunda ligação às pessoas esteve na origem da cooperativa fabril, permitindo que esta se colocasse ao serviço da comunidade como ferramenta pedagógica.
A equipa há mais de 40 anos. Foi a singularidade do projeto de Mértola, aliada ao carisma, visão e determinação de Cláudio Torres, que atraiu dezenas de voluntários e especialistas de onde se formou um corpo técnico que se fixou em Mértola.
Desde o início do projeto foi dada uma atenção permanente às gentes de Mértola, estudantes e crianças.
Com José Saramago, Prémio Nobel, em Mértola. A capacidade incansável de Cláudio Torres em reunir pessoas e construir pontes foi um elemento-chave para o sucesso do projeto.
Presidente da República Jorge Sampaio e representante da Gulbenkian com Cláudio Torres
Sede do Campo Arqueológico de Mértola
Taça islâmica icónica